Comentários
sobre alguns avivamentos:
Martinho Lutero
Em outubro de 1517,
Lutero afixou à porta da Igreja do Castelo em Wittenberg, as suas 95 teses, o
teor das quais é que Cristo requer o arrependimento e a tristeza pelo pecado e
não a penitência. Lutero afixou as teses ou proposições para um debate
público, na porta da igreja, como era costume nesse tempo.
Lutero levou o povo a
considerar a verdadeira religião, não como uma mera profissão, ou sistema de
doutrinas, mas como vida em Deus. A oração não era mais um exercício sem
sentido, mas o contato do coração com Deus que cuida de nós com um amor
indizível. Nos seus sermões, Deus revelou o seu próprio coração a milhares de
ouvintes, por meio do coração de Lutero.
Convidado a pregar
durante uma convenção dos agostinianos, não deu uma mensagem doutrinaria de
sabedoria humana, como se esperava, mas fez um discurso ardente contra a língua
maldizente dos monges. Os agostinianos, levados pela mensagem, elegeram-no
diretor sobre onze conventos!
Lutero não somente
pregava a virtude, mas praticava-a, amando verdadeiramente o próximo.
João Wesley
Disse: É necessário
permanecer sozinho e na presença de Deus, enquanto jejuamos e oramos, para que
Deus possa mostrar-nos a sua vontade e dar-nos direção. Nos dias de jejum
devemos afastar-nos, o mais possível, de todo serviço, de fazer visitas e das
diversões, apesar dessas coisas serem lícitas em outras ocasiões".Seu
gozo em pregar ao ar livre não diminuiu na velhice: Em 7 de outubro de 1790,
pregou pela última vez fora de casa, sobre o texto: "O reino de Deus está
próximo, arrependei-vos, e crede no Evangelho". "A palavra manifestou-se
com grande poder e as lágrimas do povo corriam em torrentes".
Não nos devemos
esquecer da fonte desse vigor que João Wesley manifestava. Passava duas horas
diariamente em oração, e muitas vezes mais. Iniciava o dia às quatro horas.
Certo crente que o conhecia intimamente, assim escreveu acerca dele: "Considerava
a oração a coisa mais importante da sua vida e eu o tenho visto sair do quarto
com a serenidade de alma visível no rosto até quase brilhar".
A qualquer história da
vida de João Wesley faltará o ponto principal, se não se fizer menção dos
cultos de vigília que se realizavam uma vez por mês entre os crentes. Esses
cultos se iniciavam às 20 horas e continuavam até depois da meia-noite - ou até
cair o Espírito Santo sobre eles. Baseavam tais cultos sobre as referências no
Novo Testamento, de noites inteiras passadas em oração. Foi assim que alguém se
referiu ao sucesso: "Explica-se o poder de Wesley pelo fato de ele ser
'homo unius libri', isto é, um homem de um livro, e esse Livro é a
Bíblia".
Jorge Whitefield
Então Whitefield
continuou, sem cansar: "No dia seguinte em Fog's Manor, a concorrência
aos cultos foi tão grande como em Nottingham. O povo ficou tão quebrantado que,
por todos os lados, vi pessoas banhadas em lágrimas. A palavra era mais
cortante que espada de dois gumes e os gritos e gemidos alcançavam o coração
mais endurecido. Alguns tinham semblantes pálidos como a palidez de morte;
outros torciam as mãos, cheios de angústia; ainda outros foram prostrados ao
chão, ao passo que outros caíam e eram aparados nos braços de amigos. A maior
parte do povo levantava os olhos para os céus, clamando e pedindo a
misericórdia de Deus. Eu, enquanto os contemplava, só podia pensar em uma
coisa: o grande dia. Pareciam pessoas acordadas pela última trombeta, saindo
dos seus túmulos para o juízo."
"O poder da
presença divina nos acompanhou até Baskinridge, onde os arrependidos choravam e
os salvos oravam, lado a lado. O indiferentismo de muitos transformou-se em
assombro, e o assombro, depois, em grande alegria. Alcançou todas as classes,
idades e caracteres. A embriaguez foi abandonada por aqueles que eram
dominados por esse vício. Os que haviam praticado qualquer ato de injustiça
foram tomados de remorso. Os que tinham furtado foram constrangidos a fazer
restituição. Os vingativos pediram perdão. Os pastores ficaram ligados ao seu
povo por um vínculo mais forte de compaixão. O culto doméstico foi iniciado nos
lares. Os homens foram levados a estudar a Palavra de Deus e a terem comunhão
com o seu Pai, nos céus".
Charles Finney
Na pequena cidade de
Adams, no ano de 1821, um jovem advogado foi para um lugar isolado na floresta
para orar. Deus se encontrou com ele lá e ele foi maravilhosamente convertido,
e logo depois, cheio do Espírito Santo.
Aquele homem era
Charles . G. Finney . As pessoas ouviam falar sobre isso e ficavam
profundamente interessadas em saber, e como se, de comum acordo, se reuniram à
noite. Finney estava presente. O Espírito de Deus veio sobre eles de forma
muito poderosa e convincente e um grande avivamento começou . Em seguida, ele
se espalhou ao redor do país até que finalmente quase todos os Estados do Leste
foram tomados por um poderoso avivamento . Sempre que o Rev. Finney pregava o
Espírito Santo era derramado . Freqüentemente Deus ia adiante dele para que
quando ele chegasse ao local, encontrasse as pessoas já clamando por
misericórdia. Às vezes, a convicção do pecado era tão grande que as pessoas
davam gritos terríveis de angústia que ele tinha que parar de pregar até que
diminuísse. Ministros e membros da Igreja foram convertidos. Os pecadores eram
salvos aos milhares. E por anos a poderosa obra da graça continuou. Os homens
nunca antes haviam testemunhado algo como aquilo em suas vidas.
Jonathan Edwards
Ele lia os sermões com
voz monótona, por isso mesmo não eram nada vibrantes. Entretanto, podiam expor
os desígnios do coração da platéia e arrancar reações diversas. As pessoas
ficavam desesperadas, gritavam, choravam, caíam ao chão, se contorciam e,
principalmente, experimentavam uma grande transformação de vida após o profundo
arrependimento que sentiam durante o culto. Milhares foram salvos e outros
milhares, até mesmo na Europa, tiveram suas convicções cristãs e sua comunhão
com Deus totalmente renovadas.
Nessa série de
pregações, quando Jonathan Edwards apresentou o famoso sermão Pecadores
Perdidos nas Mãos de um Deus Irado, algo sobrenatural aconteceu. O povo entrou
para o culto com um ar de petulância e desprezo diante dos cinco pregadores
presentes. Edwards, com seus dois metros de altura e magro de tanto jejuar, foi
o escolhido para trazer a mensagem de Deus.
O sermão foi
interrompido várias vezes por homens gemendo e mulheres gritando, quase todos
ficavam de pé, caíam ao chão ou seguravam nos pilares do templo ou nos bancos,
com medo de cair no inferno.
A cidade ficou em
estado de choque. Por toda a madrugada e nos dias seguintes, ouvia-se choro e
clamor em quase todas as casas. Por isso esse movimento recebeu o nome de
Grande Despertamento.
Christmas Evans
Passou então o grande
avivamento do pregador ao povo em todos os lugares da ilha de Anglesey e em
todo o Gales. A convicção de pecado, como grandes enchentes passava sobre os
auditórios. O poder do Espírito Santo operava até o povo chorar e dançar de
alegria. Um dos que assistiram ao seu famoso sermão sobre o Endemoninhado
Gadareno, conta como Evans retratou tão fielmente a cena do livramento do pobre
endemoninhado, a admiração do povo ao vê-lo liberto, o gozo da esposa e dos
filhos quando voltou a casa, curado, que o auditório rompeu em grande riso e
choro. Alguém assim se expressou: "O lugar tornou-se em um verdadeiro
'Boquim' de choro" (Juizes 2.1-5). Outro ainda disse que o povo do
auditório ficou como os habitantes duma cidade abalada por um terremoto,
correndo para fora, prostrando-se em terra e clamando a Deus.
Não semeava pouco,
portanto colhia abundantemente; ao ver a abundância da colheita, sentia seu
zelo arder de novo, seu amor aumentar e era levado a trabalhar ainda mais. A
sua firme convicção era de que nem a melhor pessoa pode salvar-se sem a operação
do Espírito Santo e nem o coração mais rebelde pode resistir ao poder do mesmo
Espírito. Evans sempre tinha um alvo quando lutava em oração: firmava-se nas
promessas de Deus, suplicando com tanta importunação como quem não podia
desistir antes de receber. Dizia que a parte mais gloriosa do ministério do
pregador era o fato de agradecer a Deus pela operação do Espírito Santo na
conversão dos pecadores.
Jorge
Müller
"Pela fé, Abel... Pela fé, Noé...
Pela fé, Abraão..." Assim é que o Espírito Santo conta as incríveis
proezas que Deus fez por intermédio dos homens que ousavam confiar unicamente
nele. Foi no século XIX que Deus acrescentou o seguinte a essa lista:
"Pela fé, Jorge Müller levantou orfanatos, alimentou milhares de órfãos,
pregou a milhões de ouvintes em redor do globo e ganhou multidões de almas para
Cristo".
Certo pregador, pouco tempo antes da
morte de Jorge Müller, perguntou-lhe se orava muito. A resposta foi esta:
"Algumas horas todos os dias. E ainda, vivo no espírito de oração; oro
enquanto ando, enquanto deitado e quando me levanto. Estou constantemente
recebendo respostas. Uma vez persuadido de que certa coisa é justa, continuo a
orar até a receber. Nunca deixo de orar!... Milhares de almas têm sido salvas
em respostas às minhas orações... Espero encontrar dezenas de milhares delas
rio Céu... O grande ponto é nunca cansar de orar antes de receber a resposta.
Tenho orado 52 anos, diariamente, por dois homens, filhos dum amigo da minha mocidade.
Não são ainda convertidos, porém, espero que o venham a ser. - Como pode ser de
outra forma? Há promessas inabaláveis de Deus e sobre elas eu descanso".
Carlos
Spurgeon
Acerca de tão estupendo êxito na vida de
Spurgeon, convém notar o seguinte: Nenhum dos seus antepassados alcançou fama.
Sua voz podia pregar às maiores multidões, mas outros pregadores sem fama
gozavam também da mesma voz. O Príncipe dos Pregadores era, antes de tudo, O
Príncipe de Joelhos. Como Saulo de Tarso, entrou no Reino de Deus, também
agonizando de joelhos. No caso de Spurgeon, essa angústia durou seis meses.
Depois (assim aconteceu com Saulo) a oração fervorosa era um hábito na sua
vida. Aqueles que assistiam aos cultos no grande Ta-bernáculo Metropolitano
diziam que as orações eram a parte mais sublime dos cultos.
Convicto do grande poder da oração, Spurgeon
designou o mês de fevereiro, de cada ano, no Grande Tabernáculo, para realizar
a convenção anual e fazer súplicas por um avivamento na obra de Deus. Nessas
ocasiões, passavam dias inteiros em jejum e oração, oração que se tornava mais
e mais fervorosa. Não só sentiam a gloriosa presença do Espírito Santo nesses
cultos, mas era-lhes aumentado o poder com frutos abundantes.